xmlns:fb='http://www.facebook.com/2008/fbml' xmlns:og='http://opengraphprotocol.org/schema' CRIMESnoMOSTEIRO: AS PERGUNTAS INDISCRETAS DE EMENGARDA

segunda-feira, 11 de março de 2013

AS PERGUNTAS INDISCRETAS DE EMENGARDA



Uma leitora curiosa me perguntou o que ando lendo. Com as devidas desculpas a meus leitores masculinos, são as mulheres que fazem as melhores perguntas. É certo que a elas foi dada uma inteligência superior à nossa e uma capacidade ímpar de imaginar e sonhar mais do que os homens.

Respondi o óbvio a minha leitora: estou lendo romances para me inspirar para a sequência de CRIMESnoMOSTEIRO. É claro que uma resposta tão evasiva não a satisfez. Ela queria saber quais livros.

O nervosismo curioso dela não permitiria que lhe explicasse que preciso ganhar o pão e a manteiga de todo dia escrevendo e lendo outros artigos que não os literários. Talvez ela nem imagine que escrevo longos relatórios e tratados sobre Marketing Digital que ela odiaria ler.

Falei então que estava me deliciando com “A Morte do Almirante”. A pergunta óbvia veio em seguida: “De quem é?” Por que minha querida leitora nunca faz perguntas fáceis? Vou chamá-la nesta crônica de Emengarda, por pura falta de originalidade ou por um forte desejo escondido de sacaneá-la.

– Emengarda, Emengarda, o livro foi escrito por uma dezena de autores – respondi, tentando me desvencilhar da pergunta insistente.

–  Nunca vi uma coisa dessa – rejeitou Emengarda. – Geralmente é um só escritor. Até já vi assassinatos cometidos por várias pessoas ou várias vítimas serem mortas numa sala. Mas.... vários autores? Isso é novidade para mim.

Não culpo minha amiga. Também fiquei surpreso a primeira vez que peguei no livro. Ele foi escrito por romancistas de suspense do começo do século 20. Alguns já caíram no esquecimento. Mas ninguém vai me dizer que não conhece uma de suas autoras: Agatha Christie.

Pois além dela, o livro mostra a arte invencionista de  Doroth L. Sayers (que o diabo amaldiçoe quem não sabe o que abrevia esse L do nome), G.K. Chesterton,  Victor L. Whitechurch (sim, tem nome de bispo, mas é cônego), G.D.H. (que Deus não perdoe quem não souber o que significam cada uma das iniciais), M. Cole, HenryWae, Jonh Rhode, Milward Kennedy, Ronald A. Knox, Freeman Wills Crofts, Edgar Jepson, Clemence Dane e Anthony Berkeley. Ufa! consegui terminar.

Todo eles faziam parte do Detection Club, uma associação inglesa de escritores de romances policiais. O objetivo do livro era, claro, arrecadar fundos para o bendito clube. A obra é, no mínimo, instigante. Um escritor vai deixando pistas e soluções em cada capítulo para o outro resolver. E não pode usar artifícios baratos para desvendar o crime (como coincidências improváveis) e nem tentar iludir o escritor seguinte com ações absurdas e pistas falsas.

“A Morte do Almirante”  é uma lição para o escritor de livros policiais. E um curioso tratado do crime produzido em páginas literárias. Vale muito a pena ler. Só me recuso terminantemente a responder última e a ofensiva pergunta que me fez Emengarda depois que pacientemente lhe expliquei tudo que acabo de escrever.

–  E quem matou o Almirante?

Bem, Emengarda, Emengarda, eu prefiro me calar agora, pois, para certas perguntas, perco a paciência e desejo mandar as perguntadeiras espevitadas para o lugar onde todos os bastardos foram nascidos. Traduzindo: “Vá procurar na esquina a livraria que abriu!”.

Como diria o detetive Ferretti: “Capici?” Cada uma que me aparece! 

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